terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Por uma semana, o Corvo esteve completamente isolado


E foi mesmo assim, meus queridos e estimados leitores! A mais pequena Ilha Açoriana esteve na semana que terminou, totalmente isolada do resto do mundo.
De facto e desde a passada terça-feira dia 23 de Janeiro, que nenhum meio de transporte conseguiu entrar ou sair da Ilha do Corvo. Os ventos muito fortes e a gigantesca ondulação que submergia o Porto da Casa e o Boqueirão foram os causadores deste fenómeno tão raro nos tempos que correm.
Ao passar pelos estabelecimentos comerciais da Ilha depara-se com o rarear dos produtos alimentares, como sejam o leite, a fruta, o açúcar, o arroz e os congelados. Para quem vive fora do Corvo é inconcebível que se possa passar por estas provações – está tudo ali à mão na mercearia da esquina ou no gigante hipermercado.
Mas o certo é que a gente corvina já está habituada a isso – “aqui o Inverno é assim, mas estamos à conta de Nossa Senhora” dizem os mais idosos na sua genuína sabedoria.
Contrariamente ao previsto no programa pastoral da Paróquia, não foi possível celebrar a Missa da Consagração dos Bebés e das Crianças com menos de 6 anos, agendada para o Domingo dia 28 de Janeiro – a causa era perfeitamente compreensível: a maioria das crianças estava doente com as maleitas próprias do Inverno.
Na tarde de 5ª feira fui à creche e jardim-de-infância Planeta Azul, para ultimar os preparativos da grande festa e fui informado que nesse dia só tinham marcado presença 4 das 20 crianças. Por isto a Celebração do carinho e da alegria, da ternura e inocência das nossas Crianças, foi adiada para a Primavera, estação da vida e do vigor exuberante da natureza.
Tenho ainda o gosto de informar os meus prezados leitores, que a RTP – Açores vai produzir uma grande reportagem sobre a vida na Ilha do Corvo, que será exibida no programa “O REPÓRTER”, indo para o ar na 2ª feira dia 26 de Fevereiro. Este evento a cargo do jornalista Nuno Neves e do técnico Fernando Reis, que durante uma semana personalizaram as vivências corvinas, é visto como mais uma oportunidade de divulgação da nossa Ilha – nas suas gente e na organização do seu modo de vida.
E como aconteceu por toda a Região, também no Corvo se comemorou o já tradicional “Dia dos Amigos”. Apesar do muito vento que assolava a Ilha, os Amigos juntaram-se no restaurante Caldeirão para saborear um bom jantar, sempre muito bem regado e partilhar a alegria do encontro e o convívio que se prolongou por toda a noite. É bom de ver que a amizade consegue triunfar mesmo ante a ilusória “catástrofe” de não haver uma sessão de streaptease.
E por agora ficam dadas as notícias do Corvo. Vou tirar uns dias de férias porque no verão as muitas festas na Ilha não possibilitam que o Pároco goze o seu merecido mês de férias.
Mas vou voltar a tempo de vos dar a conhecer os preparativos para o Carnaval . . .


Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Em defesa da VIDA temos que dizer NÃO ao aborto


Já lá vai algum tempo, que pensava escrever sobre o referendo à despenalização do aborto, que o Governo de Portugal transformou em prioridade política social e cultural deste florido jardim à beira mar plantado . . .
Para mim enquanto cristão, a liberalização do aborto é inaceitável uma vez que a vida é um dom sagrado e intocável. O homem e a mulher não podem dispor da vida por mero capricho nem fazer dela a bandeira do suposto progresso civilizacional.
Em primeiro lugar, liberalizar o aborto, como pretende o Governo com este referendo, é um atentado aos Direitos Humanos – é deixar os mais frágeis à mercê de tantas injustiças e pressões sociais; é condenar crianças inocentes, sem rosto e sem voz, a uma morte violenta e desumana;
Admira-me a preocupação legalista dos apoiantes do “sim” – coitadinhas das mulheres que abortam: lá vão elas que para a cadeia pagar por uma consequência inevitável na sua vida. Pergunto eu: quantas mulheres estão presas pelo crime de aborto no nosso país? Porquê esta falsa compaixão para com as pessoas que tiraram a vida a um ser humano inocente?
A continuar, a exuberância da argumentação do “sim” vamos ficando convencidos que o crime do aborto, uma vez despenalizado, passa a ser uma honra e uma virtude para as mulheres que abortam, tornando-se estas ilustres senhoras candidatas à comenda da Grã Cruz da Ordem da Liberdade.
E quem defende as crianças que não nascem? Quem se preocupa com a sorte tantos seres humanos que são conduzidos aos novos campos de concentração – as clínicas do aborto que Portugal vai importar aos espanhóis – para aí serem dizimados sem a mais tímida humanidade? Porque vão fechando as escolas primárias? Onde estão as crianças que enchiam o parque infantil que, entretanto já não será construído? E estes tantos professores, porque estão no desemprego?
Como vemos é uma série de problemas que o drama do aborto levanta. Não se trata apenas de uma lei para ser alterada, mas é toda uma cultura humanista e solidária que pode ficar comprometida, se não formos votar em favor da VIDA, dizendo NÃO ao aborto.
Sei que não se pode ignorar a chaga do aborto clandestino, que infelizmente vai atingindo proporções consideráveis em Portugal. Mas também estou ciente que a solução para o aborto não está em torná-lo legal – que necessariamente significa correcto e aceite como normal na sociedade civil. O aborto é sempre um mal e não pode passar a ser um bem, só porque não arranjamos maneira de o erradicar do nosso mundo.
A culpa da proporção do aborto clandestino em Portugal é também nossa – na medida em que não somos solidários com as mulheres e as suas famílias, que vêem a nossa porta fechar-se no momento em que a fraqueza e o desespero orientam para a pior das soluções.
Não basta oferecer-lhes a clínica para que o filho morra nas melhores condições!!!!!!!
É preciso criar e apoiar Centros de Apoio à Vida que proporcionem às novas mamãs o acompanhamento na gravidez e todo o auxílio na educação dos seus filhos.
Isto não é impossível!!! Basta que se queira assumir o compromisso com um mundo melhor e fazer com que a utopia da caridade se concretize junto de nós.

Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

No Corvo festejou-se Santo Antão, o padroeiro dos Lavradores


Mesmo no rigor deste tempo invernal, não quero deixar de marcar a corvina presença junto dos meus queridos e estimados leitores!
Como vos tinha dito na crónica da semana passada, o Corvo celebrou a Festa em honra de Santo Antão o padroeiro dos Lavradores. Esta é uma das principais festividades do calendário da Igreja na nossa Ilha.
Pelo 2º ano consecutivo, estava previsto um programa de Formação Profissional para os trabalhadores do sector agrícola, unindo desta forma o culto e a devoção a Santo Antão à tão urgente e necessária formação dos agricultores.
Mas devido às condições climatéricas adversas, que levaram ao cancelamento dos voos na passada 6ª feira, todas as conferências foram adiadas para uma altura mais conveniente.
Teria sido possível realizar a Festa de Santo Antão, segundo estes moldes, graças a uma parceria celebrada entre 4 instituições – a Secretaria Regional da Agricultura e Florestas, a Paróquia de Nossa Senhora dos Milagres, a Comissão das Festas de Santo Antão e a Associação Agrícola do Corvo – que se reuniram com o único objectivo de proporcionar aos agricultores locais a justa e merecida formação profissional, ao mesmo tempo que se cumpria a sagrada tradição de honrar o Padroeiro dos homens da lavoura e o Protector dos animais.
Longe de misturar a Igreja com a política, a Festa de Santo Antão, organizada nesta saudável e leal parceria, quis ser um incentivo ao diálogo entre as várias instituições da sociedade humana, tendo como horizonte base a promoção do bem comum.
E apesar dos contratempos de Janeiro, a Matriz do Corvo fez-se pequena neste Domingo para acolher os inúmeros fiéis que quiseram cumprir a tradição de honrar Santo Antão. No ofertório da Eucaristia solene, celebrada às 15 horas, fizeram-se representar pelas mãos dos membros da Comissão de Festas os símbolos da actividade agrícola – o leite, o queijo, a carne assada e o estetoscópio da Dr.ª Sandra – foram oferecidos a Deus para ao longo do ano serem abençoados pelo Seu servo, Santo Antão.
Finda a celebração todos quiseram ir “beijar Santo Antão” levando um renovado pedido, para que o Protector resguarde os animais das doenças e abençoe a erva dos campos para que cresça em abundância, neste ano que agora se inaugura.
Já no adro da igreja e após o acertado juízo do senhor Alfredo Pimentel, o meteorologista de serviço, lá se organizou a caravana automóvel e a Bênção dos Campos. Este ano porque estava muito nevoeiro o percurso limitou-se ao sítio dos Lagos, onde se encontra o nicho dedicado a Santo Antão, regressando de seguida à sede dos Serviços Agrícolas.
Reunidos aí os muitos convivas, iniciou-se uma tarde de convívio comunitário onde todos saboreamos as suculentas iguarias, que as gentis senhoras do Corvo trouxeram para a Festa – podia-se petiscar a carne assada, o arroz de marisco, a feijoada e o queijo caseiro para além de saborosas e variadas sobremesas.
Saciados os apetites, chegava a hora da música e do já corvino bailarico. Pudemos contar com a sempre jovial presença do nosso Grupo Musical – a VENGA BANDA. Acendendo ao convite da organização do evento, os jovens vieram fazer festa connosco!!! Tocaram e cantaram a música popular, a qual foi um convite para um pezinho de dança – mais novos ou mais velhos, muitos foram os que se reuniram “no meio da casa” dando azo ao saudável e alegre costume.
E já era noite quando as pessoas se iam dispersando para os seus lares. Agora era tempo de colocar as coisas em ordem e levar a imagem de Santo Antão de volta à Igreja Matriz.
“A Festa está feita padre Alexandre, para o verão é a vez do Santo Antão de cima”. Resta-nos esperar melhor tempo que favoreça a realização das palestras e do campestre convívio.
Nesta semana vou passar as tardes na creche e jardim de infância PLANETA AZUL, pois mais uma festa se prepara para o próximo Domingo . . .


Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

Os CORVINOS mostram-se SOLIDÁRIOS em favor da VIDA


De novo regresso à vossa simpática presença, meus queridos leitores, para vos dar conta das corvinas novidades e das vivências costumeiras nesta Ilha dos Açores.
No passado Domingo 7 de Janeiro, como vos disse na última crónica, foi dia de grande Festa aqui no Corvo.
Pelas 10h 30 reuniu-se na Igreja Matriz a comunidade educativa da EBI Mouzinho da Silveira para a já tradicional Missa de Natal – professores, alunos, funcionários e encarregados de educação participaram activamente na Eucaristia e puderam encarnar o acontecimento da história que está na origem à Festa do Natal. E apesar de reconhecer e aceitar com toda a naturalidade a laicidade do Estado e das suas instituições, a Igreja tem a ousadia de convidar e propor às pessoas de cada tempo e de cada lugar a mensagem de liberdade e felicidade plena, que Jesus nos veio trazer com o Seu nascimento.
Depois da Missa iniciou-se o Dia Eucarístico – o Santíssimo Sacramento esteve exposto à adoração dos fiéis até às 19h 30. Durante este tempo os cristãos do Corvo tiveram a oportunidade de, como os Magos vindos do Oriente, irem à Matriz ADORAR o seu Senhor – escondido mas Presente naquele Pão oferecido e consagrado.
Para o fim da tarde estava reservada a celebração solene da Eucaristia, da solenidade da Epifania do Senhor. E os motivos para fazer festa eram vários:
- A Missa iria ser cantada por um dos RANCHOS DE REIS que nas duas noites anteriores tinha visitado a generalidade das casas corvinas – com um programa solene mas criativo aquelas 30 pessoas, devidamente ensaiadas pelo Celso Silva, ofereceram ao Menino Jesus as suas vozes e a afinada harmonia dos instrumentos musicais;
Por outro lado, os Comerciantes e os Responsáveis pelos principais serviços públicos da Ilha, iriam levar ao Presépio os MEALHEIROS SOLIDÁRIOS – nas “latinhas” estavam as ofertas de tantos corvinos que quiserem ajudar as crianças e as mães do Centro de Apoio à Vida NAS (C) ER, orientado pela Cáritas da Diocese da Guarda;
Ainda no decorrer desta missa todas as famílias que assim o entenderam tiveram a oportunidade de contribuir para este projecto de solidariedade, oferecendo àqueles novos “Meninos Jesus” os seus donativos.
Finalmente, a Missa foi de Festa, porque um grupo de 10 imigrantes da Ucrânia aceitaram o desafio e vieram celebrar connosco o “seu” Natal – que no calendário juliano é comemorado a 7 de Janeiro.
Confidencio com os meus queridos leitores, que esta foi uma celebração deveras emocionante porque a saudade, tão portuguesa quanto universal, estava estampada no rosto daqueles homens de longe.
No fim da Eucaristia e já no adro da Igreja, onde todos os presentes foram brindados pela paróquia com um cálice de vinho do porto, os Irmãos Imigrantes retribuíram a nossa amizade entoando um cântico natalício, originário da sua terra Natal.
O dia seguinte foi passado no escritório da casa paroquial a contar moedas e notas, seja dos mealheiros seja dos envelopes – e os resultados são animadores e gratificantes porque a campanha de solidariedade em favor da vida rendeu 1500€, oferecidos por uma comunidade composta por apenas 400 pessoas.
Muito em breve este dinheiro será enviado para o Centro NAS © ER, como ajuda para a compra do novo mobiliário, que ficará ao serviço das crianças e das mães a quem o bom senso e a solidariedade protegeram do crime abominável do aborto.
E por hoje fico por aqui. Para a semana dar-vos a conhecer uma parceria que uniu o culto ao Padroeiro dos Lavradores, Santo Antão, à formação profissional aos corvinos que trabalham no sector agrícola . . .


Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

E no CORVO . . . voltou-se a CANTAR AOS REIS


Estamos no começo de mais um ano que se deseja com Paz, Alegria e Prosperidades.
Aliás os votos de um Feliz Ano Novo,vão ressoando em cada esquina e junto de cada pessoa – por carta, mail, sms e telefone cada um de nós concretiza aos mais queridos os mais sinceros votos de felicidade e progresso.
No último dia de 2006 os cristãos da nossa Ilha reuniram-se para celebrar o Dia do Senhor e dar graças a Deus pelo ano que findava. A Missa da Festa da Sagrada Família de Nazaré foi animada pelos Escuteiros do Agrupamento 1181 do CNE – a eles competia cantar a missa, com cânticos marcadamente natalícios. No fim da celebração, e em vez do tradicional Te Deum, a acção de graças foi orientada por elementos representativos da Comunidade – uma criança, um estudante, uma jovem, um casal de namorados, uma família e um idoso – rezaram uma oração evocativa ao grupo que cada qual representava.
Aqui no Corvo a passagem de ano teve o seu centro numa festa comunitária, organizada pela Comissão de Festas da Sagrada Família, na qual participaram 120 pessoas. O ginásio da EBI Mouzinho da Silveira foi transformado num ambiente requintado, onde iria decorrer o jantar de gala e o baile animado pelo grupo local VENGA BANDA.
E era ver o animado convívio da nossa gente – as famílias reunidas à volta da mesa, os grupos de amigos que iam entoando os refrães das músicas e as senhoras da Comissão que serviam à mesa com simpatia e delicadeza. Numa palavra tudo convergia para a Festa – desde a saborosa ementa até à elegância dos trajes trazidos por cada um dos convivas.
Pouco antes das 12 badaladas distribuía-se à pressa o champanhe e as passas, pois era importante que cada tradição se cumprisse à risca – e com o toque dos sinos da Matriz dava-se início – entre palmas, abraços e fogo de artifício simulado no computador – ao ano de 2007, o qual todos esperamos que seja repleto de coisas boas e abra caminho à felicidade comum. Quanto à festa esta continuou noite fora até ao raiar do dia . . .
O 1º de Janeiro teve o seu ponto alto na celebração solene da Eucaristia da solenidade de Santa Maria Mãe de Deus – no Dia Mundial da Paz a Matriz da Senhora dos Milagres acolheu muitos corvinos que quiseram começar o novo ano sob a bênção de Deus e a protecção maternal de Maria Santíssima. A Missa festiva contou com a animação da Comissão da Sagrada Família – é de louvar estas 20 senhoras que, mesmo cansadas da organização do réveillon se mostraram disponíveis para estar presentes na Eucaristia, proclamando as leituras, animando o ofertório e dando o Menino a beijar.
Depois da tolerância de ponto dada pelo Governo, a vida lá voltou calmamente ao seu ritmo normal – os estudantes voltavam aos estudos e os professores regressavam ao Corvo para o 2º longo período das actividades lectivas.
E a casa paroquial também ficou vazia, porque a minha irmã Anabela e a minha sobrinha Tatiana regressavam a São Miguel, depois de terem passado comigo esta quadra festiva. A elas agradeço a disponibilidade e alegria, porque o Natal também é a Festa da Família para o Padre da Ilha do Corvo.
Na noite de 4ª feira, dia 3 de Janeiro deu-se início no salão paroquial aos ensaios de um dos RANCHOS DE REIS que retomava uma antiga tradição corvina que se perdera há 12 anos.
Numa iniciativa minha e do senhor Alfredo Pimentel, lá juntamos vozes e instrumentos para que na Noite dos Reis as Famílias corvinas fossem saudadas, com os votos de um feliz ano novo.
E no sereno da noite lá fomos rua fora, porta a porta, levando a alegria e a harmonia do nosso canto. Quase todas as famílias nos abriram a porta, mesmo quando a hora já ia adiantada. A todos saudávamos alegremente e em muitas casas aquecíamos as vozes com licores caseiros ou com o tradicional vinho do porto.
Mas o mais importante foi reavivar a tradição e fortalecer os laços comunitários na população da Ilha do Corvo. Foi muito bom ver jovens a fazer parte dos ranchos – é um sinal que a tradição está para continuar, se houver espírito de iniciativa e de solidariedade.
E já era três da madrugada do Domingo 7 de Janeiro quando os Ranhos se encontraram no restaurante Traineira, para saborear um caldo de peixe. Estava quase concluída a sua missão.
Na próxima crónica vou dar-vos conta de uma festa muito especial que marcou a solenidade da Epifania do Senhor – e isto porque voltou a ser Natal no Corvo . . .



Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com





O CORVINO NATAL


E passadas que estão as Festas do Natal, permitam os meus queridos leitores, que partilhe algumas vivências da corvina celebração do nascimento de Jesus, da Festa da Família e da Fraternidade.
Ao longo de toda a semana que antecedeu a grande noite, os Escuteiros reuniram-se na Igreja Matriz e transformaram o templo na gruta de Belém. E era ver a animação daqueles jovens – enquanto uns traziam os fardos de palha, os mais afoitos subiam a escada para colar o papel de cenário; na sacristia recortava-se uma grande estrela que havia de ser colocada sob o arco da capela-mor, e no adro as canas eram arranjadas e alinhadas, para que se fizesse um típico pórtico à entrada da Igreja.
Enquanto isto, cada família preparava-se para a grande celebração – ultimavam-se as compras para consoada; dava-se o último retoque naquele presente e, aguçava-se a curiosidade e a impaciência dos mais novos com a chegada do simpático Pai Natal.
O sábado, 23 de Dezembro foi o dia de todos os ensaios para a encenação do Presépio Vivo: às 15 horas reuniu-se a Catequese. Alunos e catequistas dividiram os papéis, arranjaram as roupas para os personagens e escolheram a melhor forma de actualizar o nascimento do Messias.
Por sua vez, os elementos do Agrupamento 1181 do Corpo Nacional de Escutas, reuniram-se ao serão para ultimar os pormenores do ambiente – colocaram a palha no corredor central, dividiram as lanternas ao longo das paredes laterais e dispuseram as alfaias agrícolas junto ao local onde se recriaria a cena bíblica . . . tudo estava pronto para a Festa do Natal.
O dia seguinte era de Consoada – as ruas desertas eram o sinal evidente de que as famílias estavam reunidas para a grande refeição. Na mesa “nataliciamente” decorada, fumegavam as saborosas iguarias, de entre as quais era rei o bacalhau. Naquela noite mágica todos estavam reunidos à volta da alegria da esperança e do amor. Quem dera que a consoada nos ensinasse a celebrar e a saborear as outras refeições do ano.
Às 23 horas abria-se a porta do grande presépio, no qual estava transformada a Igreja Matriz. Vagarosamente os cristãos iam-se dirigindo para a Missa do Galo. Com as 12 badaladas dava-se início à sagrada celebração – entravam em cena Maria e José, os Pastores e claro o Menino Jesus. Era como se os habitantes do Corvo tomassem parte no mistério do nascimento de Deus – estava-se lá não como espectadores mas como personagens. A palha espalhada no corredor central da Igreja comprometia aqueles que entravam para a Missa – porque eles pisavam o mesmo caminho que a Sagrada Família.
No fim da Eucaristia e após o gesto tradicional de “beijar o Menino Jesus” os corvinos lá partiam para a sua casa ou para a moradia dos amigos e familiares, onde se davam as boas festas. Um pequeno grupo de pessoas agrupou-se de improviso à saída da Matriz e lá foram rua fora a saudar o Menino e, claro está, a aquecer as vozes com as visitas domiciliárias.
Na tarde do dia 25 de Dezembro a Igreja Matriz voltou a abrir as suas portas para a celebração da Missa do Dia de Natal. Desta vez a animação do Presépio vivo estava a cargo da Catequese Paroquial – era ver a alegria das crianças e dos adolescentes ao encarnar as personagens bíblicas. Não é em vão que se diz que o Natal é a Festa das Crianças e por consequência a Festa da Vida.
Quando a Missa terminava e eu fechava as portas do grande Presépio sentia uma enorme alegria, porque a Comunidade cristã que vive na Ilha do Corvo se tinha reunido para celebrar o Nascimento de Jesus – e mais do que tudo procurava unir esforços em prol de um projecto verdadeiramente comunitário.
Agradeço por isso a Deus, pela Comunidade cristã que Ele confiou aos meus serviços: aos jovens escuteiros e às suas dirigentes; às catequistas e aos alunos da Catequese; ao Grupo Coral que harmoniosamente cantou as celebrações – e a todas as pessoas que de alguma forma permitiram que a celebração de Natal no Corvo fosse simplesmente inesquecível.
Partilho também com todos vós o melhor presente que recebi – o carinho e a amizade de um povo com qual tenho a honra de partilhar a fé e conduzir pelas sendas da esperança cristã . . .


Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

FESTA DE NATAL DOS IDOSOS


Cá estou de novo, na vossa simpática presença, continuando a partilhar os alegres preparativos para a grande festa que é o Natal.
Na 5ª feira, dia 14 de Dezembro, teve lugar a festa de Natal organizada pelas crianças e pelas educadoras da creche e jardim-de-infância Planeta Azul. Às 15h 30 a sala encontrava-se repleta de pais embevecidos bem como de familiares curiosos, que vinham ver aquele autêntico presépio vivo, formado pelas 20 crianças.
Do programa festivo constou canções de Natal que eram intercaladas pela declamação de pequenos poemas e votos de um Feliz Natal, culminando com a representação teatral do nascimento do Menino Jesus. No fim e entre as palmas e os sorrisos, lá apareceu o Pai Natal que a todos trouxe a magia e alguns presentes. E se há coisas no mundo que não tem preço, uma delas é o sorriso inocente e a alegria das crianças.
O dia seguinte, 6ª feira, foi marcado por um movimento extraordinário no aeródromo da Ilha – começavam as queridas férias do Natal. Era ver a alegria estampada no rosto dos professores que iam passar o Natal junto das suas familias. Por seu lado, os familiares dos estudantes olhavam fixo as janelas do pequeno dornier para vislumbrarem a presença dos seus filhos, irmãos, ou até netos que regressavam ao “lar doce lar” para viverem em grande a Festa da Família.
Ao chegarem a casa e depois dos saudosos abraços, as mães lá serviam a refeição preferida dos seus meninos e, ao serão, as famílias atentas, escutavam as aventuras e os projectos dos estudantes que completam a sua formação fora da “Ilha Mãe”. A todos eles desejo umas férias tanto reconfortantes quanto felizes.
No sábado foi a vez da Catequese viver a sua festa de Natal. O relógio marcava as 15 horas, quando os alunos e os catequistas se reuniam na Igreja Matriz para a celebração penitencial de Advento. E era ver as crianças, os jovens e as catequistas irem queimar os seus pecados no fogo que brotava do círio pascal – a luz de Cristo Ressuscitado que a todos perdoa e purifica. Feito este gesto profético cada um por sua vez, aproximava-se do sacerdote e recebia a absolvição.
A celebração concluiu com a oração do pai-nosso que foi cantado por todos e com a distribuição da Sagrada Comunhão – para que manifestasse a união de todos no único Corpo de Cristo que é a Igreja. Seguiu-se um animado lanche convívio no salão paroquial, ao qual se juntou um Pai Natal improvisado para a todos distribuir uns mimos natalícios.
Mas a grande Festa estava reservada para este Domingo – porque os Idosos da nossa Ilha iam reunir-se para a sua celebração de Natal. Numa organização conjunta entre a Paróquia de Nossa Senhora dos Milagres e a Santa Casa da Misericórdia dos Corvo, esta festa procurou expressar os sentimentos de solidariedade cristã e de proximidade com os mais frágeis da sociedade corvina.
Quando o sino da Matriz batia as 11h 30 deu-se início à solene Eucaristia, que foi animada pelos Irmãos mais avançados na Escola da Vida. Todos os ministérios na celebração foram desempenhados pelos Idosos – o casal Luís e Nélia Fraga foram os meus acólitos; a introdução à Missa e a oração final foram lidas pela senhora Manuela Nunes; proclamaram as leituras, a senhora Judite Mendes, o senhor Luís Fraga e a senhora Maria Aurora Rocha.
Apesar do tempo invernoso que se fazia sentir, a igreja encheu-se de gente que não quis faltar à Festa dos Idosos. No ofertório um grupo de veneráveis anciãos trouxe ao altar os símbolos desta bonita e nobre Idade: o pão e o vinho – senhora Hermínia Alferes e senhor Pedro Alves; Rosário – senhora Maria do Nascimento, a mulher mais idosa do Corvo com 90 primaveras; a Bíblia – senhora Alice Sousa; a Bengala – senhora Maria Mendonça; os Medicamentos – senhor José Mendonça, a Almofada – senhora Aurora Pimentel; os livros – senhora Ana do Nascimento;
Todos participaram com uma imensa alegria e sem respeitos humanos demonstrando a sua vitalidade e dando provas do empenho que, apesar da idade, ainda depositam na vida.
Depois da Missa todos se dirigiram para o lar de Idosos da Santa Casa onde foi servido um saboroso almoço. A tarde continuou com um belo convívio onde não faltou a música de Natal e umas entrevistas para a RTP – Açores.
E neste alegre ambiente desejo a todos os meus leitores um Feliz Natal cheio de vida e de amor . . .


Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

Às portas do Natal



E é mesmo assim! O ambiente da quadra natalícia que se aproxima vai contagiando cada um dos habitantes do Corvo.
Do alto do Maranhão vamos contemplando, noite após noite, um número crescente de moradias que se iluminam, indicando que as famílias se vão preparando para a celebração da grande festa que é o Natal.
Mas como referi na crónica da semana passada, o Corvo viveu a grande solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora que foi presidida pelo Pe. Dr. Teodoro Medeiros – sacerdote natural dos Arrifes em S. Miguel e que actualmente é pároco na pitoresca freguesia de São Mateus da Calheta, na Ilha Terceira.
E uma vez que é licenciado em Sagrada Escritura, o Pe. Teodoro aproveitou a sua estada no Corvo para ministrar formação bíblica às nossas Catequistas e a toda a Comunidade, que se reunia para celebrar a Imaculada.
Na 4ª feira, o dia em que chegou o meu ilustre hóspede, o princípio da tarde foi marcado por um invulgar movimento de pessoas no centro da Vila. Eram os professores, os alunos e seus familiares que se dirigiam para o ginásio da EBI Mouzinho da Silveira, onde iria decorrer a Festa de Natal da Escola.
Num ambiente muito animado foi-se vivendo aquele espectáculo num misto de dança, música e teatro – os pais e demais familiares contemplavam extasiados os seus meninos, enquanto os professores davam por bem empregue o investimento feito no já tradicional evento. Entretanto algumas das turmas do estabelecimento de ensino colocavam à disposição dos participantes saborosas sobremesas e convidavam á sorte nas rifas. O objectivo destes gestos era angariar alguns fundos para os projectos escolares que implicam uma deslocação fora da Ilha.
Todavia a semana de trabalho via-se encurtada em virtude do feriado nacional, que teve lugar na sexta-feira 8 de Dezembro. E este dia foi de grande festa por estes lados.
Durante todo o dia a Igreja Matriz foi um espaço privilegiado de peregrinação – à Festa da Imaculada Conceição reuniu-se a celebração do Dia Eucarístico mensal. E diante do Senhor Jesus as pessoas foram dirigindo uma constante prece por elas próprias, pelos seus, pela Igreja e pela Comunidade humana.
À Missa da Festa seguiu-se um saboroso lanche e convívio no salão paroquial organizado pelo movimento do Oratório do Imaculado Coração de Maria. Este grupo de cristãos coordena a visita mensal dos 3 oratórios da Virgem a quase todas as famílias da Ilha. Os festejos serviram para celebrar mais um aniversário desta forma de apostolado familiar.
Mas o dia da Senhora da Conceição reservava para o fim da tarde uma agradável surpresa – foi inaugurada a iluminação de Natal no centro da Vila do Corvo. As principais artérias do único povoado da Ilha estão devidamente decoradas com motivos alusivos à época natalícia. De entre os espaços engalanados damos um merecido destaque à Rua do Jogo da Bola, ao Largo do Ribeirão com a original árvore de Natal e claro, a fachada da Igreja Matriz onde se encontra o iluminado Presépio.
É o espírito do Natal que vai povoando o ambiente e abrindo os corações à festa e a partilha, à alegria familiar e à solidariedade com quem mais precisa.
Ainda nesta 6ª feira, os professores da nossa Escola reuniram-se à mesa do restaurante “Caldeirão” para o seu jantar de Natal. É um bonito sinal de companheirismo e fraternidade daqueles e daquelas que se vêem unidos pela profissão e “retidos” no Corvo por largos espaços de tempo.
E por agora tenho dito!!! Para a semana vou partilhar com os meus queridos e simpáticos leitores e leitoras, a campanha de solidariedade cristã que nos vai ajudar a viver o Natal, animados pelo Espírito de Jesus, o Salvador que Deus nos envia . . .


Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

Na Novena da Imaculada


E todos os anos é assim no Corvo! Entre o fim Novembro e o dia 7 de Dezembro, as pessoas preparam-se para esta grande festa, que é a Imaculada Conceição de Nossa Senhora.
Todos os dias um grupo de 50 pessoas, enfrentando a chuva e o muito vento rumam até à Igreja Matriz para a celebração da Eucaristia e a oração da Novena. Este ano o tema das homilias é o seguinte: “somos a Igreja de Cristo” – em cada um dos dias vamos reflectindo sobre os vários capítulos da constituição conciliar Lumen Gentium.
Enquanto isso e no salão paroquial, as várias turmas da catequese vão começando a sua campanha de Advento – Natal. O objectivo é que cada criança ou adolescente construa o seu próprio Presépio e conheça o sentido mais genuíno da Festa que se aproxima. Já pela rua fora os alunos comentavam entre si: “ estou inquieto por ver pronto o meu presépio, pois quero coloca-lo junto da árvore de Natal. – Eu também, acho que vai ficar muito giro”.
Pelo que parece o espírito natalício vai povoando todos os espaços e, espero sinceramente, todos os corações. Nas ruas principais da vila o Agostinho, o Celso e o Tiago vão colocando as iluminações para o Natal – e o objectivo é claro: transformar a pequena Vila num grande Presépio.
Na Escola Básica Integrada e na Creche vão-se decorando os ambientes, organizando os preparativos para a Festa de Natal. Com muita pontualidade e bastante alegria vão-se afinando os cânticos que marcam a época e ensaiando os vários papeis da peça teatro, pela qual se quer renovar uma história e uma mensagem, que já é por si, património da Humanidade.
No comércio local o movimento agita-se com o passar dos dias. Há que organizar a mercadoria, acolher bem cada cliente e decorar as montras o melhor possível. Por seu lado as pessoas vão comprando as prendas para os seus familiares, amigos e vizinhos, isto sem esquecer que são precisas umas luzes novas para a árvore de Natal ou umas das figuras do Presépio que entretanto se partiu ao ser colocada no caixote.
E enquanto renovava os jornais e as revistas do projecto “Informar – Açores” constatei que o movimento na estação dos correios tinha duplicado. Eram sacos de encomendas que chegavam com presentes vindos de fora, ou com as ofertas que se queriam fazer aqui no Corvo. Mas era interessante que a carga que se preparava para sair da Ilha, quando o tempo deixar que o avião venha, não era menor. Os corvinos fazem questão de marcar a sua presença junto dos familiares e dos amigos que viviam fora da Ilha.
Pois é, o Natal também é a capacidade de tornar presente quem está longe. Cito gostosamente o grande Antoine de Saint-Exuperie quando diz que o melhor da vida é a capacidade que temos de criar laços.
Mas esta semana vai culminar com a Festa em honra de Nossa Senhora no mistério da sua Imaculada Conceição. Prevê-se que seja mais um dia de romaria à nossa Igreja Matriz, em que os seus filhos vão prestar a mais bela das homenagens à Mãe do Céu – participar no memorial da Páscoa de seu Filho Jesus, que se renova em cada Eucaristia.
Levantando a ponta do véu sobre os festejos, anuncio que a todos os elementos da Catequese Paroquial vão participar na Missa das 10h 30 vestidos de branco e no fim da Eucaristia oferecerão à Virgem Maria uma vela acesa – uma prece na luta pela VIDA . . .



Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

Retratos de vida no Corvo – 1


Esta semana pensei, meus queridos leitores, em não escrever a habitual crónica corvina que em cada um das semanas chega até junto de vós. E o motivo era simples: não tinha assuntos de grande relevo para partilhar convosco.
Mas depois de melhor reflectir decidi em escrever sobre a pacatez e a simplicidade duma Ilha onde apenas vivem 400 pessoas, até porque em todas as terras a vive continua a decorrer mesmo nos momentos ordinários.
Assim como acontece no resto dos Açores vamos vivendo uns dias de Inverno bastante rigoroso – e depois do verão de São Martinho que este ano veio mais tarde, o barómetro desceu e com esta descida veio a chuva, o frio e o muito muito vento. Na sexta-feira, dia 24 de Novembro, enquanto os meteorologistas se assustavam com o vento na Ilha do Faial – 110 km/h, no Corvo registou-se a rajada máxima de 156 km/h. Nada de anormal, dizem os corvinos habituados ao rigor da estação invernal.
Entretanto e na Escola Básica Integrada Mouzinho da Silveira, professores, alunos e funcionários eram convidados para uma celebração muito especial – no Domingo de Cristo Rei a Eucaristia seria oferecida pelas intenções dos seus familiares e amigos que já faleceram. Foi uma iniciativa muito positiva pois contamos com a participação de quase todos os membros da Comunidade Educativa, que quiseram trazer à memória colectiva aqueles e aquelas que lhes são mais queridos e que partiram para a outra margem da vida.
Mesmo estando longe, fiquei muito feliz em receber a notícia da publicação da tese de doutoramento do Padre Júlio Rocha, baseada na sapiência de Raúl Brandão. O trabalho do Doutor em Moral foi apresentado neste sábado em Angra do Heroísmo. Daqui do Corvo mando um forte abraço ao Pe. Júlio, desejando-lhe as maiores felicidades e espero que ele continue a ser o grande profeta da alegria e da simplicidade.
Já que estamos em maré de felicitações, recordo gostosamente a Ordenação Diaconal do Nuno Maiato, que decorreu no Domingo na Sé de Angra. Com este jovem de Santa Clara – São Miguel construí no Seminário, uma das grandes amizades da minha vida e agora que assisto, ainda que de longe, à sua Ordenação faço um brinde à sua felicidade e saúdo a Igreja nos Açores por ter ao seu serviço, um clérigo com a personalidade e a fé do Diácono Nuno Maiato.
De regresso ao Corvo, cabe-me dizer que na quarta-feira, dia 22 de Novembro chegaram à Ilha dois técnicos da Centrovia, com a missão de inspeccionar os veículos automóveis. No dia seguinte, o Rui Costa e o Augusto Ponte, este último foi meu colega e amigo no 3º ciclo do ensino básico, dirigiram-se as garagens da Câmara e ao longo de toda a jornada fizeram a inspecção periódica a 25 viaturas. Mas numa Ilha onde circulam uma média de 100 veículos notou-se uma fraca participação dos senhores automobilistas, fruto da falta se sensibilização para a segurança na condução.
E hoje fico por aqui. Na paróquia começam os preparativos para o Advento. Espero que na quarta-feira haja bom tempo para que possam chegar ao Corvo as flores, para fazermos o trono à Imaculada Conceição. É que a novena começa já na 4ª feira, dia 29 de Novembro . . .



Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

Em honra de Santa Cecília, a música fez-se festa no Corvo


Domingo, meus queridos leitores, foi um daqueles dias em que no Corvo se entoou o cântico novo anunciado pelo salmo bíblico.
A própria festa de Santa Cecília aparece na Ilha como uma autêntica novidade: os corvinos, na sua maioria, desconheciam a vida da Padroeira dos Músicos – uma santa que viveu no século II em Roma ficando registada no martiriológio como virgem e mártir.
Sapiências à parte, o objectivo da festividade era reunir os músicos nos seus grupos e instituições, para que animassem a liturgia de uma Eucaristia solene em honra de Cecília, a santa da Música.
E a iniciativa caiu bem no goto dos artistas: era ver a animação nos ensaios, a perícia na colocação das vozes e o afino dos instrumentos musicais. A população, por sua vez, também permanecia expectante pelo inédito evento: era vê-los a observar o cartaz publicitário espalhado pela vila enquanto comentavam que não queriam faltar à festa da música – até porque alguém da família iria “subir ao palco”.
Na tarde do Domingo foram feitos os últimos preparativos na Igreja: enquanto a senhora Fátima Jorge colocava o frontal vermelho no altar, a Ana Maria ensaiava ao órgão as notas do salmo. Colocavam-se as cadeiras para os “bispos” e acertavam-se os livros litúrgicos. Tudo tinha que estar a postos para que a festa fosse realmente brilhante.
Entretanto no coro da Matriz, Mike Hermann, um alemão residente no Corvo há 9 anos, preparava para o povo a mais bela e clássica das surpresas musicais. Ele iria executar no seu órgão de tubos virtual uma peça de Johann Sebastian Bach – um feito verdadeiramente notável na pequena Grande Ilha.
E foi ao som da música clássica que se deu início à Solene Eucaristia em honra de Santa Cecília – numa igreja completamente cheia o ambiente era de recolhimento e de espiritualidade. Ao meu lado sentou-se a mais ilustre das personalidades do Corvo em matéria de música, o senhor Pedro Pimentel Cepo – o Ti Pedro como carinhosamente é tratado na sua Ilha. Permitam-me que lance um alerta aos responsáveis da nossa terra: falta uma homenagem pública do Corvo ao Ti Pedro!!! Se a República já reconheceu o mérito do venerável ancião com 93 anos, chegou à hora dos Corvinos prestarem a justa homenagem àquele que na arte da música e do canto, ocupará sempre o primeiro lugar. Ou terá que ser uma verdade incontornável que ninguém é profeta na sua terra????
Iniciada a celebração da Missa os diferentes cânticos foram brilhantemente executados, em alternância pelo Grupo Coral Paroquial; pelos Escuteiros do Agrupamento 1181 do Corpo Nacional de Escutas; pelo Grupo Musical VengaBanda e pela filarmónica, a nossa Lira Corvense.
Todos deram o seu melhor, sendo o esforço e a dedicação dos ensaios retribuído nos sucessos dos cânticos litúrgicos e da festa em si.
No Salmo Responsorial cantado pela senhora Rosa Rita, fica resumido o espírito de toda a festividade – o entusiasmo e a vontade em cantar um cântico novo pelas maravilhas que Deus continua a realizar nos seus filhos, reunidos na Igreja sua Esposa. Que esta efeméride tenha sido fermento de unidade entre os diferentes grupos musicais, uma vez que até na música, aquilo que nos une é sempre muito mais forte e importante do que aquelas coisas que nos podem separar e dividir.
No fim da Missa e já no adro da Igreja as pessoas davam a sua anuência e manifestavam a sua alegria pelo sucesso da iniciativa e pelo compromisso de todos os participantes. Algumas ao cumprimentarem-me diziam “parabéns ao senhor Padre pela festa . . . estava tudo muito bem” ao que eu gostosamente retorquia – os parabéns são todos para os corvinos porque a festa foi feita pelos músicos da nossa terra. Eu limitei-me a convocar os grupos e a fazer a minha parte.
É claro que estou muito satisfeito e digo-vos que o Corvo só se desenvolverá quando os Corvinos se dedicarem de corpo e alma à causa da sua terra. No Domingo deram um grande passo neste rumo . . .


Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

“Eia . . . estamos no tempo de matar os porcos !!!”





Esta é, meus queridos leitores, a expressão que corre pelo Corvo nesta altura do ano: de facto em quase todas as famílias da Ilha vão-se fazendo os preparativos para a matança dos porcos.
E numa Ilha como a nossa ainda há muita gente que aproveita os dias da matança para reunir a família e os amigos, num misto de trabalho e de alegria, de festa e de colaboração – um sinal positivo de solidariedade e entreajuda, num tempo em que estes valores vão rareando na sociedade em que vivemos.
Actualmente a maioria das famílias mata os seus porcos no matadouro, onde as condições abonam em favor da higiene, da limpeza e até da saúde pública. Conversando com o Amândio Cabeceiras que trabalha na casa da matança do Corvo, ele informou-me que a média de suínos abatidos por ano ronda os 150 animais e a estes devem ainda acrescentar-se uns 50 bovinos. Mas há ainda alguns “resistentes” que gostam de fazer tudo à moda antiga: matam os porcos em casa, com a ajuda preciosa dos amigos e da família porque, segundo eles, “há tradições que não se podem perder uma vez que as herdamos dos nossos pais”.
O senhor Alfredo Pimentel é um destes amantes da tradição corvina em todos os sentidos: nos dias da matança a sua casa, situada na Rua do Rego, vive num entra e sai de gente, alegria e fartura. Os serões são sempre animados pelos acordes do bandolim e pela frescura de um bailarico – tudo bem regado por uma boa pinga, aquela que “alegra o coração do Homem” como bem diz o Salmo.
Durante o almoço de Domingo perguntei ao Tibério e à Fátima Silva como faziam os Corvinos para guardar e conservar as carnes dos animais que são abatidos. Eles lá sabiamente me explicaram que o trabalho é dividido em 5 fases. Abatido o animal, a primeira operação é derreter as gorduras em grandes caldeirões enquanto isso dividem-se as carnes – uma parte é posta em vinha e alhos para ser frita e posteriormente entalada na gordura; outra porção é metida nas salgadeiras, para que ao longo do Inverno se vá fazendo as “couves da Barca”, o único prato típico da Ilha do Corvo.
Outra parte da carne cortada, metida em sacos plásticos e posteriormente congelada – as aparas são aproveitadas para fazer as saborosas linguiças, que ao longo do ano temperam as sopas e são servidas com inhame ou batata-doce.
Á tarde, enquanto subia as íngremes escadas do Rego, lá entrei em casa da senhora Manuela Nunes, uma venerável e alegre anciã com 86 primaveras e encontrei-a junto à lareira a “virar as linguiças”. Dizia-me então que durante 9 dias os enchidos ficam a curar no fumeiro para depois serem devidamente acondicionados.
E é este um tempo de fartura e de festa no Corvo. Ouve-se dizer por todo o lado que “temos que matar os nossos porquinhos, porque o Inverno é grande e, se for rigoroso, a lancha pode ficar várias semanas sem vir à Ilha”.
Aqui está uma realidade que é própria do Corvo: os seus habitantes têm que se abastecer para viver mais um Inverno, que só Deus sabe como será, desconhecendo-se também as vezes que as mercadorias desembarcam no Porto da Casa.
Quando disse que os Corvinos tinham grande espírito de sobrevivência significa que eles sabem prevenir-se e garantir que em cada dia, não falte à sua mesa o pão e os alimentos necessários. É bom recordar aos leitores que aqui não existe nenhum talho nem charcutaria.
E por hoje é tudo. Na próxima semana quero trazer até junto de vós uma festa inédita que vai encher de Música a Matriz do Corvo . . .


Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com


DIA DA IGREJA DIOCESANA


Tenho a alegria de estar mais uma vez na vossa simpática companhia, partilhando a amizade e o gosto pela escrita e pela leitura, ao mesmo tempo que vos dou conhecimento das vivências desta Ilha.
E depois de uma semana marcada pelas celebrações em honra de Todos os Santos e em memória dos Fiéis Defuntos, a atenção volta-se agora para os preparativos de um grande acontecimento: o Dia da Igreja Diocesana.
Mas antes de desenvolver o tema chave da crónica quero partilhar convosco uma boa notícia: a nossa Filarmónica, a LIRA CORVENSE, está a celebrar as suas 68 primaveras. Por isso o Corvo está de parabéns por esta simpática efeméride e, juntamente com a Direcção e os músicos, queremos fazer memória daquele dia 4 de Novembro de 1938, quando um grupo de ilustres Corvinos concretizaram o sonho de fundar uma Banda de Música na sua Ilha do Corvo.
Dos fundadores só se encontra entre nós o senhor Pedro Pimentel Cepo, o Ti Pedro Cepo, como carinhosamente lhe chamam os habitantes desta vila. Cantador e tocador popular, este ícone das gentes corvinas, marcou gerações de músicos e conquistou um lugar de honra na Filarmónica e na Ilha.
Actualmente a Direcção da Lira Corvense é presidida pelo senhor Inácio Pimentel, um homem do Corvo que se dedica de corpo e alma à Banda. Dezasseis músicos compõem o elenco da Filarmónica, que com os seus acordes anima e dignifica todas as festividades na Ilha do Corvo.
Peço a todos meus leitores que levantem as suas taças, num alegre brinde, a mais este aniversário da nossa querida Filarmónica. . . desejamos sinceramente que esta memorial data se renove por muitos e muitos anos.
Enfim é sexta-feira . . . não me posso esquecer de confirmar com as pessoas naturais de cada Ilha e que residem aqui no Corvo, a sua presença na Missa Solene do Dia da Igreja Diocesana. Entretanto e no salão paroquial, os diversos grupos da Catequese lá iam preparando os cartazes com paisagens das 9 Ilhas, enquanto se estudava o texto que continha a apresentação da Igreja que vive em cada uma das parcelas açorianas.
No Domingo 5 de Novembro, a Igreja Matriz encheu-se de juventude, logo pela manhã. No momento do ofertório os alunos e as catequistas apresentaram ao Senhor a Igreja que está presente em cada Ilha, as suas comunidades e os padres que estão ao seu serviço.
Ao longo do Dia da Igreja Diocesana, a Matriz era ponto de passagem para os cristãos do Corvo, uma vez que o Santíssimo Sacramento esteve exposto à adoração dos fiéis. Nesta jornada de adoração e de louvor à presença de Cristo na Eucaristia, a Comunidade colocou diante do Senhor as intenções e os projectos; as dificuldades e os problemas da Igreja local, do seu Bispo e de cada uma das comunidades cristãs. De facto, diante do Santíssimo Sacramento estavam acesas 9 lamparinas querendo tornar presente a Igreja que vive em cada Ilha: apesar de serem lamparinas diferentes todas faziam brilhar a mesma luz, porque eram alimentadas pela mesma cera.
O ponto alto das festas estava reservado para as 19 horas: a Eucaristia solene que foi animada pelo Grupo Coral e contou com a presença com a presença dos “bispos” – nome honrosamente dado aos homens que ajudam à missa nos dias de festa. Mas a particularidade desta celebração festiva estava na presença de 18 pessoas, que apesar de residirem na Ilha do Corvo nasceram nas 9 Ilhas da Diocese de Angra.
Numa experiência inédita do Corvo, vimos os símbolos de cada uma das Ilhas serem levados ao altar por pessoas que regressaram às suas origens. Sentimos na pele o que é ser açoriano, partilhar a mesma fé, invocar o mesmo Senhor Santo Cristo e ser coroado no mesmo Divino Espírito Santo.
Por isso digo sem medo de exagerar, que os Açores estiveram reunidos na Matriz do Corvo. E louvo os habitantes do Corvo, tanto naturais como residentes, pela sua participação nesta iniciativa. Ficou comprovado de que as ilustres gentes desta Ilha estão abertas à novidade e, quando bem orientadas, mostram sinais de progresso e de desenvolvimento.
E foi assim! Os Açores estiveram reunidos na Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Milagres, na Vila do Corvo . . .



Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

A alegria dos SANTOS e a memória dos DEFUNTOS



Em pleno Outono cá estou outra vez, a partilhar os ritmos e as novidades que marcam o viver corvino.
Na semana que passou a Igreja Matriz enche-se de música clássica, brilhantemente interpretada pelos membros do quarteto de cordas COM . MOZART.
Por seu turno e na sede da Santa Casa da Misericórdia, o Dr. Jorge Bruno Presidente do Instituto Açoriano de Cultura, apresentou o CD-ROM com o inventário do Património Imóvel da Ilha do Corvo, um novo subsídio que nos ajuda a conhecer melhor e a preservar a nossa terra.
Quando fui à Escola leccionar as aulas de Educação Moral e Religiosa Católica, pude constatar que os alunos traziam abóboras para a celebração do Dia das Bruxas, que decorre a 31 de Outubro. A azáfama era grande na sala de Educação Visual: tinha que se cortar as abóboras e decorá-las com bastante originalidade, para que naquela noite elas ficassem expostas nas janelas do edifício escolar. Com esta actividade importada do mundo anglo-saxónico pretende-se comemorar o Halloween e pregar alguns sustos aos viandantes.
Como devem calcular os meus leitores, não posso deixar de evidenciar esta altura do ano em que estamos a viver, dado o profundo significado religioso e cultural que ela comporta. Nesta quarta-feira, feriado nacional e dia santificado, celebramos os Santos, os Homens e as Mulheres que viveram a sério o Espírito do Evangelho e cultivaram na terra a semente do Reino dos Céus.
Recordar os Santos é tomar consciência que a vida cristã pode ser uma realidade para quem acredita em Jesus e, que na vitória pascal do Ressuscitado, está o único projecto de felicidade que verdadeiramente realiza a humanidade.
Neste dia santo a Comunidade cristã do Corvo vai reunir-se às 14 horas para celebrar estes Irmãos que já vivem na felicidade plena que é o Céu. Depois da solene Eucaristia vamos peregrinar até ao Cemitério para dirigir uma prece por todos os que já partiram para a eternidade.
Contamos com uma presença muito especial: as crianças e os jovens da nossa Catequese colocarão uma flor, símbolo da beleza da vida e da santidade, nos túmulos onde descansam os seus familiares queridos.
Para a quinta-feira, 2 de Novembro, está reservada a Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos. E se o povo diz que recordar é viver, queremos trazer à memória colectiva todos aqueles que deixando esta forma de vida partiram para a eternidade.
Segundo a fé cristã e como o atesta a milenar esperança da Igreja, a morte não é uma fatalidade trágica que transforma o Homem em nada. Para quem acredita em Jesus Ressuscitado a vida é eterna e depois da morte, confiamos que seremos reunidos no Céu, o Reino do qual a Igreja é sacramento e antecipação.
Comemorar os Irmãos Defuntos é mergulhar no mistério da Igreja e da Comunhão dos Santos em Cristo: a Igreja que peregrina nos quatro cantos da terra não está sozinha a viver a Fé. Ela está em comunhão com aqueles cristãos que já vivem a felicidade eterna e com aqueles que, esperam alcançar o Reino dos Céus.
Neste dia os cristãos do Corvo têm duas oportunidades de participar na Missa em sufrágio de todos os Fiéis Defuntos: às 10h 30 ou às 19 horas.
Mas nesta semana, teremos por cá os preparativos para a grande celebração do Dia da Igreja Diocesana que decorre no Domingo, 5 de Novembro. Na próxima crónica darei conta dos festejos desta importante efeméride, que evoca a mais antiga das experiências de unidade no Arquipélago dos Açores . . .


Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

Educação e Cultura animam a Ilha


Com a entrada do Outono, a Ilha do Corvo regressa à sua serena paz. Acabam-se as Festas e todos os acontecimentos que mobilizam as pessoas: apenas nos cafés e nos bares, se vêm alguns corvinos que partilham as horas do serão.
O frio e o vento que se vai fazendo sentir, limitam as pessoas aos seus lares onde os familiares partilham o seu dia, navegam pela Internet ou vêem atentos, as novelas do momento.
Os agricultores depois de terem recolhido o milho que servirá de alimento ao gado no Inverno, estão agora a descascá-lo para que fique melhor conservado e acondicionado. “Este foi um bom ano de milho”, vou escutando os sábios do Outeiro a comentar, enquanto espreitamos o telejornal na “Casa das Vacas”. É a nossa Ilha do Corvo, plenamente mergulhada na sua vida quotidiana, acostumada aos seus ritmos.
Na Escola, as traquinices da rapaziada lá são intercaladas pelos “sérios e sábios” momentos de estudo e de reflexão sistemática. Os 13 Professores já estão integrados ou pelo menos, acomodados ao Corvo: “Temos que fazer pela vida, senhor padre…” é a frase chave que todos eles já sabem, enquanto encolhem os ombros e contemplam o horizonte.
Quanto aos projectos do único estabelecimento de ensino na Ilha, tivemos conhecimento que 2 docentes participaram no Seminário de Contacto “Early Language Learning” que foi provido pela Agência Nacional Sócrates e Leonardo da Vinci, no âmbito da acção Comenius 1 tendo decorrido em Lisboa entre 11 e 15 de Outubro.
Nesta iniciativa que reuniu cerca de 70 professores vindos de toda a Europa, estiveram em estudo várias temáticas relacionadas com a aprendizagem precoce das Línguas estrangeiras. Um tema deveras importante quando estamos perante a sociedade da Informação em que se dá o primado às tecnologias da Comunicação e se concretiza a utopia da “Aldeia Global”.
Na mesma ocasião foi constituída uma parceria entra a Escola Básica Integrada Mouzinho da Silveira e diversos estabelecimentos de ensino do Reino Unido, da Finlândia, da República Eslovaca, da Polónia e da Turquia. De referir que a escola do Corvo ficou com a missão de coordenar esta nobre iniciativa, que tem como objectivo principal, informou-nos a Dr.ª Deolinda Estêvão – Coordenadora do Projecto Comenius, a criação de uma biblioteca digital que incluirá obras autóctones dos diversos países.
Louvamos esta brilhante participação da nossa Escola e esperamos o merecido sucesso nesta parceria internacional.
Em matéria de Cultura teremos nesta semana dois acontecimentos: A apresentação em formato digital do projecto do Inventário do Património Imóvel dos Açores, referente ao concelho da Vila do Corvo. Este evento acontecerá na 4ª feira dia 25 de Outubro, às 14 horas na Santa Casa da Misericórdia, sendo a conferência proferida pelo Dr. Jorge Bruno, Presidente do Instituto Açoriano de Cultura, organismo que tem a seu cargo a presente edição.
Recordamos que em Julho de 1998 o IAC publicou um livro sobre o património do Corvo, mas querendo não perder o comboio das novas tecnologias, dará ao seu trabalho um formato digital.
O outro acontecimento cultural é um concerto que terá lugar na Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Milagres, também na 4ª feira 25 de Outubro mas às 21h 30. Inserida no Festival de Música Antiga esta iniciativa da Direcção Regional da Cultura trará à Ilha o quarteto de cordas “com.mozart”, constituído por Grigory Spector, violino; Nattalia Zhikina, violino; Pascalle Sansanelli, viola; e Oxana Chets, violoncelo. Serão executados obras musicais de Dittersdorf, Haydn e Mozart.
Na próxima semana chegarão até vós ecos destes culturais acontecimentos. . .


Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

domingo, 21 de janeiro de 2007

Aquele avião que vem ao Corvo


Depois do Governo ter deixado a nossa Ilha, todas as conversas versavam sobre as muitas ou poucas “dádivas” do Executivo Regional. Outros juízes de ocasião ditavam sentenças sobre as reivindicações do Conselho de Ilha, a sua pertinência e a forma como reclamavam do Governo, os tão necessários investimentos para o almejado desenvolvimento do nosso Corvo.
Mas não se vive só de visitas, por isso ficam aqui registados os acontecimentos que foram marcando o corvino dia a dia.
No passado Domingo, dia 8 de Outubro, teve lugar a participação no Festival Mundial de Aves 2006 que foi organizado em todo o país pela Sociedade Portuguesa para os Estudo das Aves. Pedro Domingos e Sandra Mealha orientaram o grupo de 6 pessoas, que puderam observar espécies como o canário, o tentilhão, o pintassilgo, a gaivota, a cagarra . . .
12 de Outubro foi dia de Festa no Corvo, como também o terá sido noutras comunidades cristãs dos Açores. A Matriz ficou repleta de fiéis que tomaram parte na Oração do Terço, na Missa Solene e na Procissão das Velas em honra de Nossa Senhora de Fátima.
Destaco claramente a participação dos alunos e dos catequistas da Catequese Paroquial, seja na orientação dos mistérios do Terço seja iluminando a Procissão com acesas tochas. As crianças e os jovens, se bem orientados, também estão despertos para os valores religiosos da sua Comunidade e participam com gosto nas actividades que lhes são propostas.
Se os meus leitores permitirem, vou falar das condições em actualmente é feito o transporte aéreo para o Corvo: Estávamos no dia 18 de Setembro quando o avião dornier da SATA fez a derradeira viagem para a Ilha, antes de ir passar uns tempos para a oficina. A Força Aérea Portuguesa prontificou-se desde logo a assegurar o serviço público, desde que os passageiros estivessem dispostos a aceitar os horários e as demais condições da Instituição militar.
E assim foi. Entre 20 de Setembro e 6 de Outubro tivemos algumas vezes avião, mesmo ao sábado, porque não se pode alterar os rígidos esquemas e estratégias dos inquilinos da Base das Lajes.
Todavia o orçamento do Governo não suporta os elevados custos que se prendem com os serviços prestados pelos militares. E aqui fica a minha dúvida: como é que duas instituições, Força Aérea e Governo Regional, que são sustentados pela mesma fonte – os impostos dos contribuintes, têm que praticar um ao outro preços exorbitantes pelos supostos “públicos” serviços que prestam???
Foi então contratado o avião de uma empresa privada a SOMAGUE que até ao presente tem feito um trabalho satisfatório no que diz respeito aos 3 voos semanais e às diversas ligações entre o Corvo e os aeroportos das Flores, do Faial e da Terceira. 18 é o número de máximo de passageiros que à 2ª e à 4ª Feiras pode chegar e sair da Ilha do Corvo; à 6ª feira são apenas 12 uma vez que o avião não escala a Ilha das Flores.
Mas há duas questões que necessitam de uma melhor solução, a bem da comodidade e dos direitos da população. A primeira tem a haver com os 20 kg da bagagem a que cada passageiro tem direito a transportar consigo: embora não haja nenhuma norma para a redução deste valor, o transporte da bagagem está dependente do peso transportado no cómodo avião executivo. E é deveras aborrecido para quem sai do Corvo, ter que se ver confrontado com a eventualidade de deixar as suas coisas atrás. Ainda por cima nesta altura do ano em que os cancelamentos dos voos para a Ilha são mais previsíveis, dado as condições atmosféricas e climáticas poderem ser adversas.
A outra questão é o transporte da mala do correio. É verdade que o avião tem trazido e levado as nossas cartas e encomendas, um serviço que se efectua graças à boa vontade da tripulação da aeronave. Mas os serviços públicos não se cumprem a partir dos princípios morais da generosidade e da boa-vontade. Eles fazem parte dos direitos fundamentais das pessoas e, são pagos por quantos deles necessitam.
Esperamos que os prazos se cumpram e a 10 de Novembro, o nosso avião regresse ao Corvo de “boa saúde”, para que a qualidade dos serviços prestados a esta população regresse à legítima normalidade . . .


Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

Governo Regional visita o Corvo - 4 e 5 de Outubro


E porque assim mandam os estatutos . . . tivemos a visita do Executivo Regional a 4 e 5 deste mês de Outubro.
Nos dias que antecederam este magno evento era visível uma estranha movimentação na Vila: os pintores da autarquia branqueavam os muros e as paredes dos edifícios públicos, para bem impressionar os governantes; outros dois funcionários cortavam a abundante relva dos jardins da escola, assim como dos outros espaços verdes; avançavam, mais rapidamente do que o costume, as obras do Centro de Interpretação Ambiental e Cultural que seriam fiscalizadas pela Secretária Regional do Ambiente e do Mar.
A comitiva aterrou no aeródromo do Corvo ao princípio da tarde e, após o acolhimento na moderna residencial “Comodoro”, lá se dirigiam os membros do Governo da Região para a biblioteca da Escola Básica Integrada Mouzinho da Silveira, onde se realizou a reunião com o Conselho de Ilha.
Em cima da mesa estava o documento com um elenco de pedidos e de reivindicações, com a justa pretensão de melhorar a qualidade de vida dos Corvinos. Foi dado largo destaque aos transportes e às acessibilidades para com a mais pequena Ilha do Arquipélago.
Acabados os trabalhos e as acaloradas discussões, os governantes lá se dispersaram a visitar os vários projectos a desenvolver e a concretizar no Corvo: dando especial ênfase ao projecto “Corvo Digital”, ao futuro Museu e à nova central eléctrica da EDA.
Um lauto banquete foi oferecido pela autarquia a toda a comitiva, assim como aos membros do Conselho de Ilha e da Assembleia Municipal. Este convívio serviu para aprofundar amizades e acabar de discutir alguns assuntos de última hora.
Na quinta-feira, feriado da República, foi lido o tão esperado comunicado do Conselho Governo, no qual se anunciava as deliberações do Executivo de Carlos César em favor da população que vive no Corvo.
De entre elas dou referência ao apoio do Governo aos projectos da nova biblioteca e do “Espaço Cultural Multiusos”; ao melhoramento das condições do Clube de Informática e do equipamento da sede social dos Bombeiros; às obras no Posto de Saúde e à sua informatização; aos equipamentos de protecção civil e à nova ambulância, a atribuir à Associação dos Bombeiros Voluntários.
Não posso esquecer o subsídio que foi concedido à Igreja Matriz e que vai permitir a pintura exterior do templo, bem como a aquisição da iluminação cénica que valorizará o nosso património sem deixar de ser uma mais valia para o acolhimento aos turistas que nos visitam na época estival.
E ao fim da tarde, lá o Governo lá se despedia do Corvo, deixando a certeza de estar cá no próximo ano, disposto a ajudar a desenvolver a nossa Ilha.


Mas fica certo também que o Corvo só terá o pleno desenvolvimento, quando os seus habitantes confiarem mais nas suas capacidades e valores. E se é certo que o apoio do Governo é um direito das pessoas e não uma esmola, ele não deve ser o móbil para o descomprometimento social e cultural.
E enquanto o dornier da SATA está na oficina, vamos tendo alguns dissabores com as ligações aéreas . . .



Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

19º Aniversário dos Bombeiros Voluntários - 29 de Setembro de 2006


Como ficou prometido, cá estamos de novo para trazer à vossa presença, os pequenos factos e os grandes acontecimentos que vão marcando o nosso viver Corvino.
E se a Escola já está em pleno funcionamento, com os alunos habituados aos novos horários e os professores a integrarem-se na Comunidade, chegou a hora da Paróquia preparar nas mais diversas valências o novo Ano Pastoral, que coincide com a abertura solene da Catequese Paroquial.
Na quarta-feira, dia 27 de Setembro teve lugar a reunião do Conselho Pastoral, na qual se avaliou o trabalho desenvolvido nos últimos 5 meses, nas três áreas de acção Pastoral: profética, litúrgica e sócio – caritativa. Na mesma ocasião foi apresentado o calendário da Comunidade cristã para o derradeiro trimestre de 2006, tendo em conta as orientações do Plano Pastoral da Diocese e o ritmo de vida da Igreja no Corvo. Estão previstas algumas iniciativas originais como seja a campanha do mês do Rosário e a Missa de Santa Cecília, padroeira dos Músicos . . . o nosso objectivo principal é procurar que a vida celebrativa da Comunidade tenha reflexos positivos na vida da sociedade civil, nas famílias e nas instituições.
Neste Domingo, primeiro dia do mês de Outubro, a Matriz ficou repleta com a presença dos 34 alunos, dos 10 catequistas, dos familiares e da Comunidade, que vieram inaugurar mais um ano de Catequese. Na Missa solene animada pelo Grupo Coral, os Catequistas fizeram o seu compromisso em colaborar na missão evangelizadora da Igreja e, como o Bom Pastor reúne o seu rebanho, lá iam chamando um a um, os alunos que a Igreja confiava aos seus cuidados pastorais. Acabada a celebração, um farto lanche no salão paroquial juntou todos, num alegre convívio.
Não posso deixar de salientar a centralidade da Catequese na vida duma Comunidade cristã. Nela procura-se cumprir o mandato de Jesus Ressuscitado aos Apóstolos “Ide por todo o mundo, anunciai o Evangelho a todos os povos e fazei discípulos em todas as nações”. E aqui, neste pequeno torrão de terra lançado no Atlântico, vivemos com imensa alegria este início das actividades da Catequese, uma vez que nos sentimos enviados pelo Ressuscitado e comprometidos com a Sua Missão salvadora.
Mas a semana também foi de festa no Corvo, porque se assinalou o 19 º aniversário da Associação dos Bombeiros Voluntários, fundada a 29 de Setembro de 1987, por iniciativa do médico que trabalha na Ilha, Dr. João David Cardigos dos Reis. A celebração teve como pontos altos: a Eucaristia solene na Matriz da Vila em sufrágio dos sócios falecidos e um jantar que reuniu na sede social, para além dos Bombeiros e dos membros dos órgãos da associação, os sócios, os familiares dos Soldados da Paz e alguns convidados.
Esta importante instituição do Corvo integra 26 Bombeiros, embora 4 deles estejam fora da Ilha por motivo de estudos, sob a atenta orientação do Comandante Óscar Rocha. Por seu lado a direcção da Associação presidida pela D. Aida Nascimento Andrade é composta por 7 pessoas, na sua maioria jovens.
No que respeita aos meios técnicos e patrimoniais, estão ao serviço dos Bombeiros duas “residências”: a sede social, sita à Avenida Nova a funcionar em instalações cedidas pela Câmara Municipal, aqui funciona um bar e o salão de festas; e o quartel, um edifício inaugurado em 1996 que está integrado no complexo do aeródromo do Corvo. Têm ainda 5 viaturas e esperam receber em breve, uma ambulância e um barco de socorro a náufragos.
O historial dos Bombeiros ficou heroicamente enriquecido com a operação de salvamento aos tripulantes da embarcação de pesca palangreiro “Lândana”, que encalhou junto à costa nordeste do Corvo a 23 de Maio de 1993. Após as intervenções frustradas da Força Aérea e da Marinha, devido às más condições do vento e do mar, foram os Bombeiros que resgataram os marinheiros, recorrendo ao auxílio de uma sesta no sistema “vai – vem”, ao longo da perigosa falésia.
Com estes gestos de humano heroísmo ou com a persistência em servir a instituição e a Ilha na pacatez serena do dia-a-dia, damos agradecidos os parabéns aos nossos Bombeiros e esperamos contar com eles nos momentos fáceis e mais complicados do nosso comum viver.
E por agora basta . . . para a semana vou dar-vos conta da visita que o Governo Regional vai fazer a esta Ilha, nos dias 4 e 5 de Outubro . . .


Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

sábado, 20 de janeiro de 2007

Abertura do do Ano Lectivo 2006/2007


Cá estou eu, de novo, após um reconfortante mês de férias na companhia da família e daqueles que me são mais queridos.
Na minha ausência, o Corvo viu-se revisitado pelo Pe. João Carlos Freitas Costa, que actualmente é capelão do Hospital do Divino Espírito Santo em Ponta Delgada, mas que foi o pároco desta açoriana Ilha entre Setembro de 1995 e Agosto de 1998. Padre alegre, popular e extremamente simpático com todos os Corvinos, o Padre João, como ficou conhecido por cá, escreveu uma página da história da Igreja no Corvo, que ficou indelével no coração e na lembrança da nossa gente.
Com o mês de Setembro veio a última das festas de verão, querendo honrar Nossa Senhora do Bom Caminho, que se venera num nicho situado na estrada que dá acesso às “terras de cima” e à lagoa do Caldeirão. O programa organizado pela Comissão das Festas foi muito semelhante ao das demais festividades corvinas: da parte religiosa constou a Procissão das Velas e a Eucaristia solene junto ao monumento da Senhora; a dimensão recreativa e social ficou marcada pelos jantares servidos pela tasca, o bazar e, claro está, o tradicional bailarico que alegrou e entusiasmou os numerosos bailarinos e bailarinas.
E com o termo do verão, também chegam ao fim as “queridas férias”, sendo tempo de preparar a mochila e rumar em direcção à escola. No aeroporto são visíveis as lágrimas da saudade daqueles estudantes que, deixando a terra mãe, partem para fora da Ilha com o objectivo de continuar os estudos, seja na escola secundária seja no ensino superior. Temos alunos corvinos a estudar nas Flores, no Faial, na Terceira, em São Miguel e no continente português. A todos eles desejamos os maiores sucessos nos seus estudos.
Mas o avião que leva os estudantes, traz à Ilha os professores, que vão leccionar na Escola Básica Integrada Mouzinho da Silveira. Alguns vêm pela primeira vez e, para estes, a adaptação nem sempre é fácil. No que toca aos “repetentes”, as coisas estão facilitadas porque já se enquadraram no modo corvino de viver a vida.
E o relógio marcava as 8h 45 daquele dia 11 de Setembro, quando se abriam as portas do moderno edifício, inaugurado em Setembro de 1998, onde funciona a única escola da Ilha, para mais um ano lectivo. 13 professores e 34 alunos entravam na aventura do ensino e da aprendizagem, da aquisição de conhecimentos e da assimilação de valores, do sonho de uma profissão futura e da ambição de ser feliz construindo um mundo melhor.
Os professores vão ter que leccionar várias disciplinas, uma vez que os alunos estão distribuídos por 9 anos de escolaridade, nos 3 ciclos do ensino básico. Segundo o presidente do Conselho Executivo, Dr. Paulo Estêvão, 17 alunos frequentam o 1º Ciclo; o 2º Ciclo é composto por 3 alunos, enquanto os restantes 14 estão matriculados no 3º Ciclo do Ensino Básico.
A comunidade educativa é ainda composta por 4 funcionários: 2 asseguram o serviço da secretaria sendo as outras 2 auxiliares de acção educativa.
Este ano não vai funcionar o ensino recorrente nocturno porque não houve inscrições suficientes. Uma boa notícia, porque que os corvinos já têm os seus estudos completos, usufruindo de habilitações concordantes com a sua profissão ou com as suas expectativas.
A Escola tem ainda como objectivo, melhorar e potencializar o projecto “Corvo Digital”, uma vez que todos os membros da comunidade educativa podem usar um computador portátil, ligado à Internet. Esta iniciativa da Direcção Regional da Ciência e da Tecnologia vem operar uma verdadeira revolução nos meios da Educação, colocando as novas tecnologias ao serviço da formação da pessoa humana.
Esperando que o ano escolar que agora se inicia traga a todos os maiores sucessos académicos e profissionais, invoco a bênção divina, para que a tarefa educativa ajude a formar os nossos alunos e alunas, a partir do Espírito e do modelo do Homem novo, para que a felicidade pessoal seja edificada sobre os alicerces da justiça social e da promoção do bem comum.
E vamos afinando as vozes . . . porque para a semana vamos cantar os parabéns a uma instituição da Ilha do Corvo que completa 19 primaveras . . .



Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo


padrecorvo@gmail.com

Realização do II Rover Açoriano "Arryscar"


E já estão vividas as nossas Festas!!! Mas acreditem os meus leitores, que elas correram da melhor forma, notando-se a participação dos Corvinos nesta grande homenagem à Senhora da Ilha.
Na a segunda-feira 14 de Agosto chegaram à Casa Paroquial mais dois hóspedes: o Pe. Marco Martinho, vindo da Madalena do Pico e o Jorge Santos, profissional da RDP Açores, que tinha a seu cargo o apoio técnico à inédita transmissão do dia seguinte.
Mas por falar em hóspedes, fica claro que o Corvo não recebeu aqueles que esperava. De facto vieram poucos peregrinos e turistas à festa de Nossa Senhora, o que se deveu às más condições do estado do mar que impediu os barcos de viajar entre as Flores e o Corvo, bem como à falta do Barco da Transmaçor, aquela empresa para quem os Açores só têm 7 Ilhas, sobrevivendo no entanto com os subsídios obtidos através dos impostos, pagos por todos os Açorianos. É uma concepção esquisita de serviço público . . .
À parte desta situação os Corvinos não deixaram de viver em grande a sua Festa Maior. Na noite do dia 14 a Igreja Matriz encheu-se de Juventude para a Missa Vespertina da Senhora dos Milagres. As vozes estavam afinadas e os Escuteiros devidamente fardados, escutavam atentos, as sábias palavras do Bispo da Diocese, que apresentou Maria como a Mulher Eucarística e a Mãe da Igreja que ainda peregrina sobre a terra.
Após a Eucaristia uma enorme procissão de velas conduziu a Imagem da Senhora ao porto do Boqueirão, para uma sentida e sincera homenagem de sufrágio aos 17 peregrinos que faleceram em 13 de Agosto de 1942, na sequência do acidente da “lancha Francesa” que naufragou ao largo do Corvo, quando transportava os Romeiros para a Festa do 15 de Agosto.
Foram declamadas as quadras do improvisador popular Francisco Pimpão, enquanto o Bispo de Angra lançava ao mar uma coroa de flores. Importa para nós não perdermos a nossa história recente, uma vez que um povo sem memória é como uma árvore que não tem raízes.
No campo de jogos e depois do animado jantar, a festa esteve à conta da Patrícia Candoso, um novo talento da musica portuguesa e claro, dos sempre Corvinos VENGA BANDA, que puxaram os presentes para o sempre apreciado bailarico.
O dia maior das Festas lá nascia e logo de manhã, as pessoas mobilizaram-se para levar avante uma nobre tarefa: a confecção do Tapete de Nossa Senhora. Sob a orientação dos Escuteiros lá se iam dispondo as hortênsias, a serradura, o farelo e o musgão; foi possível apreciar nesta arte o brasão do Corvo, o símbolo do CNE a rosa-dos-ventos e a imagem da Padroeira da Ilha, em frente à porta do templo. No final era visível o contentamento de todos por ver concretizada mais esta homenagem da Família Corvina a Nossa Senhora dos Milagres.
E o relógio marcava as 15 horas, quando o cortejo de entrada dava início à Missa Solene da Festa: na Matriz repleta de fiéis o Bispo D. António presidiu à Eucaristia que chegou aos Açores e ao mundo através da RDP Açores – Antena 1. Esta transmissão em directo marcou a história da Ilha porque pela primeira vez, um programa de rádio, feito a partir do Corvo, chegou a todo o mundo através da Rádio e da Internet. E aqui não posso deixar de agradecer ao Director Regional da RDP Açores pela disponibilidade e deferência, aquando da solicitação deste serviço por parte da Paróquia do Corvo. Todos ficamos conscientes que a Rádio que une os Açores ficou mais Açoriana, levando do Corvo para o mundo uma das raízes da identidade da nossa gente.
Depois da missa e num misto de majestade e silêncio, a Senhora da Ilha lá foi visitar os seus filhos. A Procissão que percorreu os caminhos estreitos e a avenida do Corvo foi acompanhada pela filarmónica Lira Corvense, que exibiu o traje de gala na Festa da Padroeira. Os Corvinos participaram em grande número numa atitude de respeito e veneração, neste momento que sendo sempre no mesmo dia e à mesma hora, não deixa de ter uma renovada novidade.
Findas as Festas a Ilha encheu-se de Escuteiros que participam no II Rover Açoriano, a decorrer entre 16 e 23 de Agosto nas ocidentais Ilhas Açorianas. Os discípulos de B. P. chegavam ao Corvo pela manhã e participavam em serviços a favor da Comunidade: deram um novo rosto à sede do Agrupamento 1181 e envernizaram os bancos da Igreja. Para além disso conheceram a Ilha, contactaram com a população e conviveram uns com os outros.
Esta juventude não é só o que se diz dela: o Escutismo é de facto uma escola de vida, onde os jovens aprender a conviver em harmonia com a sociedade, com a Igreja com a Natureza e com Deus. Os Caminheiros do Rover deixaram no Corvo um exemplo de serviço e dedicação à Comunidade e desafiaram os Corvinos a acreditar mais naquilo que é seu . . .


Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

A SENHORA DA ILHA


. . . DA ILHA DO CORVO


Meus caros leitores: Estamos na semana de Nossa Senhora !!!
É esta a alegre expressão que nos é dado apreciar em cada habitante do Corvo, nesta semana que antecede a data principal do calendário na Ilha: o 15 de Agosto.
De facto a festa começou no domingo, 6 de Agosto, com o primeiro dia da Novena da Senhora dos Milagres, com a Matriz repleta de fiéis iniciamos uma caminhada de reflexão e oração em louvor da nossa querida Padroeira. Também neste dia a Família do José Lourenço e da Branca Xavier levaram o Espírito Santo à Igreja, uma vez que no tempo Pascal estavam ausentes da Ilha por motivos de saúde.
Na segunda-feira chegaram 4 hóspedes à residência Paroquial, o que transformou a pacata “casa do Padre Rita” num “entra e sai” de alegria, musica e juventude, sem desmerecer a honrosa presença de um ilustre visitante, sua Excelência Reverendíssima o Bispo de Angra, D. António de Sousa Braga, que veio ao Corvo pregar a Novena e presidir à Festa em honra de Nossa Senhora dos Milagres e, três jovens que vieram ensaiar o Grupo Coral para a Missa da Festa.
Assim a juventude no Corvo ficou enriquecida com a presença do Marcos Miranda natural do Porto Judeu na Terceira, do Bruno Rodrigues dos Flamengos Ilha do Faial e do Nelson Faria vindo de São Mateus da Calheta também da Ilha de Jesus. Os dois primeiros são alunos do Seminário de Angra frequentando o 3ºe 4º Anos do Sexénio Filosófico – Teológico, respectivamente.
A festa foi preparada com a Novena, que nos fez reflectir sobre o Domingo e sobre a Eucaristia, enquanto Sinais da presença de Deus no seio da Igreja e da humanidade. Com a Matriz repleta de fiéis em cada um dos 9 dias, o Bispo da diocese procurou confirmar a fé da Comunidade à volta de Jesus presente na Eucaristia.
Por seu lado a Comissão das Festas envidou todos os esforços e canalizou todas as energias, para que nada faltasse nos dias festivos: na garagem do Alírio preparou-se as carnes e as linguiças, para que a tasca primasse pela fartura e pela variedade, numa ementa composta por pratos locais. A “lancha do José Augusto” transportou as bebidas e os demais ingredientes para as refeições, que foram devidamente conservados em arcas frigoríficas; e no salão da Igreja, transformado em armazém de brinquedos, as senhoras preparavam o Bazar acertando os prémios com as sortes.
No campo de jogos faltavam substituir umas lâmpadas do arraial, reforçar o toldo que cobre o recinto das festas e dividir as mesas e as cadeiras para acolher os peregrinos e os turistas, que por estes dias nos visitam.
A 12 de Agosto, sábado, começava a parte cultural e recreativa das Festas. O jantar foi servido a inúmeras famílias corvinas e aos visitantes vindos maioritariamente das Flores. O certo é que o recinto ficou repleto e quando cheguei com a comitiva episcopal, só a muito custo, consegui uma mesa para partilharmos a refeição. O serão já ia avançado quando subiram ao palco os PASSOS PESADOS, um grupo que se deslocou de S. Miguel de forma gratuita.
Agradeço em nome dos Corvinos ao Toni Pimentel e a cada um dos elementos da sua banda, por este nobre gesto de solidariedade, uma vez que eles logo se prontificaram para virem cá animar as nossas festas, apenas pelas viagens e pela alimentação. Já dizia Mouzinho da Silveira que uma das maiores graças dos Corvinos é terem a coragem de serem agradecidos.
Na manhã de Domingo, 13 de Agosto, fizemos festa com os Doentes e com os Idosos da Comunidade celebrando com eles a Eucaristia e o Sacramento da Santa Unção. É missão da Igreja dar lugar àqueles que a sociedade vai esquecendo, e ser o rosto materno de Deus Pai para com os Enfermos e os necessitados. Depois da Missa teve lugar, junto ao posto de turismo, a Bênção dos automóveis bem como de todo o tipo de viaturas, numa iniciativa inédita no Corvo, que juntou 35 veículos entre os carros dos Bombeiros, o jipe da GNR, automóveis, carrinhas, motas bicicletas, e até um barco. É muito importante não perder a originalidade nas festas e unir de forma nova, a presença de Deus à vida da família humana.
Depois da Novena, o arraial enche-se de comensais e de convivas que animaram mais ao serão ao som do grupo musical corvino “VENGA BANDA”.
O Corvo vive assim os seus maiores dias em honra de Nossa Senhora dos Milagres. É Ela que reúne os seus filhos; que gera os festejos e a alegria; que conforta as dores e abrandas os lutos. É a Virgem Maria representada nesta pequena Imagem do início do século XVI que sempre tem estado com os corvinos, por isso dizemos que a Senhora dos Milagres é a SENHORA DA ILHA . . .



Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

Projecto INFORMAR AÇORES


. . . DA ILHA DO CORVO


Cá estou eu, de novo na vossa presença, para partilhar as vivências das gentes do Corvo, nestes dias que antecedem o início das grandes festividades em honra da nossa Padroeira, Nossa Senhora dos Milagres.
E vou começar por dar conta de uma actividade muito interessante, que decorreu no fim-de-semana de 29 e 30 de Julho: a NAUTICORVO levou a cabo uma operação de limpeza do fundo do mar, realizada na zona do Porto da Casa. Esta empresa Corvina ligada às actividades de mergulho, bem como ao transporte passageiros em barco semi rígido entre as Flores e o Corvo, e ao longo da costa da Ilha, contou com a preciosa ajuda de um grupo de turistas que tinha vindo à Ilha, para se deliciarem com a beleza intacta do fundo do mar do Corvo.
É de facto louvável o interesse destes corvinos pelo património natural da sua terra. Fica demonstrado que as preocupações ecológicas e ambientalistas são também uma realidade das pequenas comunidades, como é o caso da do Corvo.
E porque é verão, fui dar um passeio até à praia da Areia e constatei que um grupo de crianças estava a participar no programa INTER ILHAS que é promovido pela Secretaria Regional dos Assuntos Sociais. Na Ilha, o sub projecto “ondinha prevenida, verão divertido” está a envolver 11 crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 11 anos, sob o olhar atento dos monitores Sónia Rodrigues e Tiago Pereira. Muitas brincadeiras, jogos educativos e um bom ambiente são os companheiros de viagem destes jovens banhistas entre 31 de Julho e 4 de Agosto.
De entre os inúmeros visitantes que neste verão têm chegado ao Corvo, destaca-se um grupo de 8 escuteiros franceses, que estiveram aqui nos dias 1, 2 e 3 de Agosto. Vindos de Besançon, os jovens acamparam no parque de campismo da Areia e na companhia dos seus colegas do Agrupamento 1181 do Corpo Nacional de Escutas, visitaram a Ilha e desceram, a pé, à lagoa do Caldeirão. A passagem pelo Corvo insere-se numa expedição ao Arquipélago dos Açores, para contactar com a natureza, privilegiar as caminhadas e partilhar experiências com o Escutismo regional.
Mas a semana no Corvo foi marcada pela inauguração do Projecto INFORMAR – AÇORES, uma iniciativa da Paróquia de Nossa Senhora dos Milagres, que pretende colocar à disposição da população, os jornais e as revistas que se publicam nos Açores. Para que tal fosse possível pedimos a cada jornal ou revista uma assinatura gratuita, o que nos foi concedido por toda a imprensa que foi contactada.
Ainda fazem parte do Projecto uma participação semanal do Corvo no programa da RDP Açores /Antena 1, transmitida em directo às 2ªs Feiras às 10h 45; e uma coluna semanal no jornal on-line AZORES DIGITAL.COM.
Também vamos celebrar um protocolo com os CTT – Correios de Portugal, para a criação de um espaço na estação de Correios da Vila, onde os jornais e revistas possam ser lidos pelas pessoas. A assinatura do texto protocolar entre o Pároco do Corvo e o Director Regional dos Correios, estava agendada para a sexta-feira 4 de Agosto, não se realizando devido ao cancelamento da visita do Dr. António Ventura à Ilha devido às más condições do estado do mar. Segundo os contactos entre as duas entidades, a cerimónia ficou marcada para daqui a 15 dias.
Mas de qualquer forma, o Projecto já está em funcionamento e qualquer corvino tem agora acesso à maioria das publicações, vindas das Ilhas de Santa Maria, São Miguel, Terceira, Pico, Faial e Flores. E a Igreja tem muito gosto em dar este contributo à formação cultural e social das nossas gentes, uma vez que a partir de agora, os habitantes do Corvo vêem cumprido, de uma forma mais eficaz, o direito inalienável ao acesso à informação e aos meios de comunicação social.
Por outro lado, o INFORMAR – AÇORES é uma permuta, porque a Paróquia compromete-se a enviar aos seus parceiros as novidades e a história, as tradições e as notícias que marcam o quotidiano Corvino. Numa palavra aproximamos os Açores da sua mais pequena Irmã e levamos o viver local ao conhecimento de todos os açorianos.
E, como dizia no início, estamos na Festa de Nossa Senhora!!! Na próxima coluna semanal vou dar conta aos meus leitores, do programa das festividades e de outras novas que pelo Corvo aconteçam . . .


Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com