segunda-feira, 23 de abril de 2007

“Estamos nas semanas do Espírito Santo”


Como bem sabeis, meus queridos leitores, é sempre com grande gosto que volto à vossa simpática presença para dar conta daquelas pequenas grandes realidades que vão marcando o nosso corvino viver.
O início da semana foi marcado pela visita de uma equipa de reportagem da RTP – Açores que veio ao Corvo gravar uma parte do documentário que assinalará os 60 anos da SATA. O grupo de trabalho, dirigido pela jornalista Teresa Tomé, esteve atento às manobras do “nosso” dornier – aterrar e levantar voo – procurou inteirar-se da qualidade dos serviços prestados na Ilha pela transportadora aérea regional e investigou junto dos responsáveis de algumas entidades corvinas, se os habitantes da mais pequena Ilha dos Açores estão satisfeitos com a presença da SATA.
Antecipando os parabéns à nossa empresa de transporte aéreo, aproveito para ousar pedir um presente em favor de todos os corvinos – tragam o avião ao Corvo entre a 2ª feira e a 6ª feira – pois irá facilitar a vida dos habitantes da Ilha ao mesmo tempo que favorecerá o aumento de turistas que queiram visitar o Corvo.
Mas o centro das vivências deste tempo da Páscoa está na celebração das Semanas do Espírito Santo – e os símbolos do Divino estiveram em casa da senhora Maria Hilina, sita à Rua da Matriz. Ao entardecer a cozinha enchia-se de gente – vizinhos e convidados – para a oração do Terço ao Espírito Santo.
Assim manda a tradição que em cada um dos dias da Semana se ofereça o Terço em louvor da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade e pelas intenções da família que acolhe em sua casa tão ilustre Hóspede.
Terminada a oração as pessoas vão prolongando o serão com conversas animadas, recordando os bons velhos tempos. É verdade que os meios de comunicação – sobretudo a televisão e a internet – trouxeram às pequenas comunidades, grandes vantagens no campo na informação e do entretenimento, mas também contribuíram para que os convívios familiares e de vizinhança ficassem comprometidos.
Agora vamos assistindo a um recuperar destes momentos de conversa e de diversão familiar e comunitária – as pessoas gostam de ficar a conversar nas casas onde está o Espírito Santo: partilha-se as novidades, comenta-se a notícia de última hora e algum mais divertido conta uma história para fazer rir.
E tudo isto é feito na presença do Senhor Espírito Santo – Ele é o Deus da Alegria, da Festa e da Comunhão entre os homens. Enquanto as Bandeiras são guardadas num quarto, a Coroa é entronizada num altar preparado para o efeito – decorado com velas acesas, flores dos nossos jardins e toalhas brancas e vermelhas – recebe os sinais da presença de Deus vivo no meio do seu povo. Cada família prepara o altar segundo os seus gostos ou as suas posses – normalmente o Espírito Santo fica na cozinha ou na sala, porque aí torna-se mais fácil congregar as pessoas que vêm rezar o Terço.
Desde que cheguei ao Corvo, em Setembro de 2005, que tenho procurado colaborar com a Comissão do Império na promoção do culto e da festa do Espírito Santo – não faz sentido nenhum formar uma competição entre a missão da Igreja e as festas populares em honra do Divino Paráclito, porque é o Espírito do Senhor que ilumina e dá pleno sentido à obra evangelizadora da Comunidade cristã.
E de entre as várias iniciativas que propus aos responsáveis da Irmandade, destaco hoje, a celebração de uma Missa na casa de cada família que recebe o Espírito Santo – a Eucaristia decorre junto ao altar do Divino e é aplicada pelas intenções de cada um dos familiares e em sufrágio daqueles entes queridos que agora estão no verdadeiro Império do Espírito Santo.
O objectivo principal desta familiar celebração é estabelecer uma relação afectiva e efectiva entre a Eucaristia e o Espírito Santo e marcar a presença da Paróquia junto da oração das famílias que se reúnem à volta do Senhor como Igrejas Domésticas.
E são estas as tradições, que quero agora partilhar com os meus leitores – elas permitem o encontro da Comunidade e colocam em evidência os valores que constroem o nosso viver comum.
Na próxima crónica vou partilhar convosco um projecto ambicioso que colocará na ordem do dia as preocupações com o ambiente e com o desenvolvimento sustentável . . .


Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

segunda-feira, 16 de abril de 2007

A Páscoa na Ilha do Corvo


E depois de uma semana de “folga” volto gostosamente à vossa presença, meus queridos leitores, para continuar a partilha das nossas vivências e costumes, neste ocidental recanto dos Açores.
Estamos a celebrar a Páscoa – a maior das festas cristãs – na qual se recorda e revive o mistério da Ressurreição do Senhor Jesus e da dádiva do Espírito Santo à Igreja. O tempo pascal prolonga-se por 50 dias unindo os Domingos da Páscoa e do Pentecostes.
No Corvo os festejos multiplicam-se nestas “Semanas do Espírito Santo” – 7 famílias sorteadas no ano passado recebem em suas casas os Símbolos do Paráclito: decora-se o altar, reza-se o Terço ao fim da tarde e reúne-se a Família e os Amigos à volta do Padroeiro da alegria e da comunhão.
Mas todo este ciclo festivo foi antecedido pelas celebrações do Sagrado Tríduo Pascal – entre a Quinta-feira Santa e o Domingo da Ressurreição, a Comunidade cristã do Corvo reuniu-se em grande número na Matriz, para reviver os “dias da nossa salvação”. Foi muito interessante notar que as pessoas se sentiam envolvidas nas celebrações, enquanto colaboravam activamente nas actividades que lhes foram propostas.
A grande aposta da Paróquia foi integrar as crianças e os jovens nas celebrações da Páscoa – a Catequese Paroquial animou a Missa de Quinta-feira Santa e um aluno de cada ano participou no simbólico rito do Lava-pés. O Agrupamento 1181 do Corpo Nacional de Escutas teve a seu cargo a decoração da Igreja Matriz com uma simbologia pascal e a animação da solene Vigília Pascal, que teve lugar na noite de Sábado de Aleluia.
Creio ser urgente empenhar os movimentos juvenis da Igreja na dinamização destas celebrações, que constituem o coração da Comunidade cristã – fazer memória de Jesus não equivale apenas a rituais vazios de significado mas implica o compromisso vital de toda a Igreja, incluindo as novas gerações que participam com a sua alegria e irreverência.
O Domingo de Páscoa – o primeiro e o maior dos dias do novo Povo de Deus – foi celebrado com a alegria pascal e com a presença da maioria dos cristãos da Ilha do Corvo. Neste Dia, manda a secular tradição, que a Comissão do Império leve à Missa os símbolos do Espírito Santo – no Largo do Outeiro concentravam-se crianças e adultos para participar na Festa do Povo Açoriano.
Chegada a Procissão à Igreja e após a saudação da nossa querida Filarmónica, a Lira Corvense, demos início à solene Eucaristia do Domingo da Ressurreição na qual manifestamos a nossa participação jubilosa na vitória pascal de Jesus.
Depois do rito da coroação, organizou-se a Procissão do Senhor Ressuscitado – uma novidade nas tradições do Corvo, mas também uma necessidade para a Igreja que tem que partilhar com o mundo a feliz notícia da Ressurreição de Cristo. Neste cortejo litúrgico integraram-se a Coroa do Espírito Santo e o pálio com o Santíssimo Sacramento – o significado é este: a Páscoa é o Tempo do Espírito e a vitória de Cristo sobre a morte é obra do Espírito de Deus.
De regresso à casa da Igreja, os símbolos do Divino foram entronizados no “seu” altar, onde permanecerão até ao Domingo de Pentecostes. E, depois de recebermos a Bênção do Santíssimo, lá partimos em direcção à casa dos senhores Nélia e Luís Fraga, na Rua da Matriz, para entregarmos aos seus cuidados as coroas e as bandeiras do Espírito Santo. Afinal a “sorte” da Primeira Semana tinha saído à D. Nélia, uma simpática anciã da nossa Ilha.
E é desta forma, simples mas plena de significado, que vamos vivendo os ritmos da fé e da cultura, das tradições familiares e da actualidade do nosso celebrar a vida. Na próxima crónica vou continuar a dar-vos novidades deste pequeno recanto, plantado no ocidente da Europa . . .


Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Os Jovens, no Corvo, viveram o seu Dia Mundial


No chuvoso começo deste mês de Abril volto à vossa simpática presença, meus queridos e estimados leitores, para continuar a já habitual partilha do Corvino viver.
Com o fim de Março chegaram as merecidas férias da Páscoa, seja para os alunos seja para os 13 professores da EBI Mouzinho da Silveira – e era ver o contentamento espelhado nos seus rostos, quer no aeródromo quer nas ruas da vila.
Mas ao longo da semana que terminou tive ao meu cuidado um simpático trabalho – entreguei aos jovens da Ilha do Corvo o convite para a celebração do 22º Dia Mundial da Juventude, devidamente acompanhado com a Mensagem que o Papa Bento XVI escreveu para comemorar a efeméride. E a grande maioria deles participou activamente na Eucaristia deste Domingo de Ramos – proclamando as leituras, organizando o cortejo de oferendas e animando um jogral intitulado “Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei”.
E embora seja verdade que os jovens estejam arredados da Igreja por diversas razões – posso testemunhar que quando a juventude é incentivada e comprometida em actividades da Comunidade, ela participa com generosidade e com brio. Fica para reflexão de todos nós esta frase que creio ser atribuída ao saudoso Papa João Paulo II: “A Igreja vai ser jovem quando os jovens forem Igreja”.
Por cá, vai crescendo o entusiasmo com a preparação das celebrações da Semana Santa – enquanto na sede dos escuteiros se organizam os materiais para a decoração da Igreja Matriz, na sacristia arranjam-se os ramos de criptoméria que o nosso amigo Aurélio Hilário tinha trazido “de cima”. Entretanto e sob a orientação da D. Aida Andrade procede-se à limpeza e ornamentação da Casa do Espírito Santo – pois é lá que se vai organizar a Procissão dos Ramos.
No início da tarde deste Domingo, a Vila do Corvo como que se vai vestindo de festa para celebrar o começo desta Semana Maior – as pessoas apressam-se a colocar as colchas nas janelas para depois se dirigirem para o Largo do Outeiro – aí, e enquanto se espera pela nossa filarmónica Lira Corvense, vai-se pondo a conversa em dia e comentando os cultivos das terras. Junto à porta do Império estão os nossos Escuteiros todos fardados – eles não quiseram deixar de marcar a sempre simpática presença neste “seu” Dia Mundial da Juventude.
Após a saudação da Banda e dos ritos da Bênção dos Ramos organizamos a Procissão solene em direcção à Igreja Matriz – um cortejo litúrgico muito participado pela população corvina.
Seguiu-se a celebração da Eucaristia que foi animada pela Juventude do Corvo – no ensaio do Grupo Coral escolhemos e ensaiamos cânticos que se adequassem ao espírito juvenil, para que os jovens vivessem aquela missa como sua.
Ao momento do ofertório, todos pudemos contemplar os símbolos juvenis que foram apresentados ao Senhor: a bola, o computador portátil, o leitor de MP3, e o comando da playstation – enfim, aquelas coisas que vão fazendo parte do dia a dia da “malta nova”.
No fim da Missa teve lugar um jogral que consistiu na leitura da mensagem de Bento XVI para o 22º Dia Mundial da Juventude – 8 jovens escuteiros deram voz à palavra do Papa, que a todos convidava a descobrir o valor e o significado profundo do amor de Cristo. À leitura do documento pontifício acrescentamos um gesto pela paz: cada jovem ofereceu a Jesus um vela acesa – enquanto símbolo da fé e da esperança por um mundo melhor.
O certo é que todos saíram da Igreja mais enriquecidos e mais animados – reunidos para celebrar a Páscoa do Senhor, aprendemos que o Seu amor por nós é o melhor caminho para uma vida feliz.
E por aqui a Semana Santa continua . . . agora as nossas atenções concentram-se no Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor Jesus – a origem salvadora da Igreja e único sentido ao seu viver quotidiano . . .

Pe. Alexandre Medeiros
Pároco do Corvo

padrecorvo@gmail.com